sexta-feira, outubro 20, 2006

P. E. V. S.

Vamos fazer um Partido em prol de uma vida mais simples?
Sem jogos de autoritarismo. Uma coisa realmente civilizada.
Viver por si e respeitando o outro, a diversidade,
saber honrar essa variedade,
olhar e enxergar o valor das diferenças.
Mais do que isso, valorizar mesmo a diferença e ver que
a vida é UM IMENSO E MULTITONAL ARCO-ÍRIS!!!!
E como isso É BELÍSSIMO!!!!

segunda-feira, outubro 02, 2006

A hipermodernidade e os robos

Certo dia recebi um e-mail muito engraçado. Falava do caos que é, ou melhor, que se tornou o cotidiano das pessoas. No corpo desse e-mail vinham enumeradas várias atividades que tomam as horas dos nossos dias. Acordar, escovar os dentes, fazer ginástica, tomar um bom café da manhã, estar no trabalho as 9.00, ler todos os jornais do dia para estar bem informada, ler as principais revistas semanais, escrever relatórios ou ir a reuniões importantes, dar atenção aos familiares, prestar atenção para que tenha uma alimentação saudável e com poucas calorias, ir ao dentista, ao psicólogo, fazer comida, administrar a casa, ligar para os amigos, tomar um chope ou ir ao aniversário do dia, ir ao supermercado e, principalmente, saber, exatamente, a escolha certa para as opções que são oferecidas (hoje em dia, há cada vez mais opções novas para tudo na vida e, mesmo assim, somos obrigados a escolher só uma, e de pronto). Muitas dessas “obrigações“ do cotidiano mostram-se desnecessárias, mas, mesmo assim, têm de ser feitas para ocupar todo o dia. Na maioria das vezes tornam-se obrigações devido ao interesse, por parte de empresas ou até do próprio governo, que se façam necessárias. Interesses econômicos e sociais que, através de intensa massificação de conceitos propagandistas e abuso do universo lúdico, são capazes de transformar as tarefas em necessidades diárias.
Vivemos em tempos de caos, mas, como define Gilles Lipovetsky, um caos organizador, onde todo o emaranhado de informações e de inúmeras imagens, que ofuscam a visão e confundem o cérebro, têm a finalidade de fomentar a hipermodernidade, a cultura do exagero. Esse termo surgiu pelo próprio filósofo francês, Lipovetsky, na década de 70, traduzindo a super potencialização dos conceitos construídos na modernidade. Tudo vira HIPER, hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo, e urgente. As mudanças acontecem em ritmo esquizofrênico, tudo é efêmero, o que é novo, no segundo seguinte, fica ultrapassado.


Nesse contexto, em tempo esquizofrênico, é praticamente impossível exigirem, como é feito, que, desde pequena, uma pessoa já tenha predeterminado tudo o que quer fazer até ficar velha. Não dá para se acreditar que uma criança é capaz de definir a profissão que quer seguir, quantos filhos quer ter, enfim, determinar um plano de vida inteira sem ter experimentado e tomado ciência das possibilidades existentes.
Porém, a sociedade e nós mesmos, que aderimos as pressões psicoloógicas sociais, cobramos as decisões que temos que ter acertadas para dar um rumo para a nossa vida, mesmo que passemos por mudanças significativas no dia seguinte de termos decidido algo e acordarmos para novas idéias. Para os dias de hoje, hipermodernos, temos que querer querer em excesso, desejar o imaginado e não estarmos satisfeitos com o real, o paupável, as coisas que existem, para continuarmos desejando sempre.
Na verdade, esse eterno circuito de informações, imagens e pressões da hipermodernidade existem para nos deixar tontos, para que não usemos mais o raciocínio e funcionemos no impulso, sem pensar. E se não refletimos muito sobre o que nos é mostrado ou ofertado, estamos mais aptos a aceitar qualquer uma dessas coisas. Se essa hipótese for aceita, pode ser correto afirmar que nos tornamos bobos da corte sem perceber, que seguem um império de efemeridades, onde tudo o que é ofertado é aceito sem uma análise prévia do produto. Mais perigoso ainda, nos sentimos na obrigação de ter sempre uma decisão certa sobre todas as coisas, não podendo haver nenhuma flexibilidade quanto aos leques de opções da vida e nem tempo para pensar. Somos sempre induzidos a não pensar porque querem que aceitemos tudo o que nos é oferecido, que não tenhamos opinião, que tenhamos um dia HIPERlotado para cansar e não dizer nada do que não concordamos.
Mas ainda tem gente que briga para viver bem, sem aderir a esse circuito de pressão. É uma ótima opção para levar os dias da vida com calma, acreditar que todos os dias podem ser diferentes e que ainda se pode viver feliz assim. Ter um filho e não lhe obrigar a decidir sua vida 2 anos após seu nascimento. Saber que não saber

é uma ótima opção de vida. Não saber o que decidir, o que vai fazer todos os dias e descobrir quando estiver na hora. Enfim, não saber pode abrir os horizontes para outros saberes, outras descobertas.
Não ser um robô da vontade dos outros é muito mais prazeroso.