domingo, janeiro 30, 2011

Cidades Verdes - Uma proposta de vida muito boa e distante de ser alcançada

Semana passada participei do Seminário Cidades Verdes, organizado pela Ong OndAzul e moderado pelo Deputado Federal Alfredo Sirkis. O evento teve apoio também da Rede Globo de Televisão, e da agência Quê Comunicação, responsável por produzir os anúncios da OndAzul que passavam nos momentos entre as mesas de debate. Apesar do áudo desses anúncios estar muito ruim, a agência fez um belo trabalho de propaganda, didático e instigante.


O evento aconteceu num dos auditórios da Firjan, no Centro do Rio de janeiro, nas manhãs dos dias 27 e 28 de janeiro. Os participantes das mesas eram, além do moderador Alfredo Sirkis, membros do Iclei, uma organização que realiza estudos e orientações sobre a sustentabilidade nos governos locais, e da iniciativa pública e privada que trabalham as questões de transporte público e construção para cidades.


No primeiro dia, foi sancionada a Lei Aspásia Camargo, que é a lei municipal de mitigação das mudanças climáticas, feita pela Deputada Estadual Aspásia Camargo e pela Secretaria de Mudanças Climáticas. A lei prevê a redução da emissão de 20% dos gases de efeito estufa até 2020. Isso será feito através de um plano de metas desenhado pela equipe gestora dessa lei. Segundo o Secretário municipal de meio ambiente e taambém vice prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz, a Lei de Mudanças Climáticas é um instrument de gestão da Prefeitura em todas as suas áreas de trabalho.


Dessa forma, o Secetário se comprometeu a realizer ações que contribuam para a redução de emissão de CO2, tendo os resíduos sóidos e o transporte como as principais fontes poluidoras da cidade. Vejam abaixo as ações que o Secretário Muniz se comprometeu em fazer para que possamos cobrar depois:


Com relação ao tratamento dos resíduos

· Encerrar as atividades do lixão de Gramacho até o final de 2011, construindo um Centro de Tratamento de Resíduos no local.

· Implementar a Coleta Seletiva em larga escala até o final de 2011.

· Dar prioridade às empresas que utilizam o lixo reciclado na confecção de materiais de sua linha de produção nos processos de licenciamento.


Com relação ao transporte público

· Diminuir o número de ônibus da cidade, priorizando esse transporte coletivo nas áreas onde existem menos ônibus hoje.

· Construção de 4 VLTs para o Rio de Janeiro até 2012.


Arquitetura e urbanismo não ecológicos


Jeb Brugmann, fundador do Iclei (http://www.iclei.org/), falou nesse dia também sobre o desafio e os esforços realizados para a implementação de uma arquitetura e urbanismo verdes nas cidades. Para o estudioso, os governantes hoje e as indústrias estão acostumados em investor em projetos padrão de urbanismo e arquitetura, pois são instrumentos que estes já conhecem. Contudo, dessa forma não há nenhum prepare dos governos para uma situação que fuja ao padrão conhecido, ou seja, não há uma margem do planejamento destinada aos erros ou a situações inesperadas.


Ninguém quer investir em projetos customizados a situações de risco ou emergência. Um sistema de construção ecológico deve prever todas as situações do ambiente, as que pedem projetos padrão e as situações extremas, novas ou de risco que pedem um planejamento sim. Então a questão colocada é como transformer o sistema atual em um ecológico.


As soluções trazidas po Brugmann propõem uma forma inovadora, de um certo modo, de ver as cidades, coisa que já é feita em diversos países europeus. Para ele, as cidades devem ser vistas como sistemas consumidores e produtores de energia. As cidades hoje só extraem energia do ambiente, sem devolver a enrgia consumida. Dessa forma, os recursos de produção de energia vão se extiguir, por isso é necessário pensar novas formas de produçãoi de energia enquanto há a produção. Isso incluiria reciclagem de resíduos para a produção de energia e a criação de projetos customizados que permitam a construção de cidades e a produção de energia que atendam ao que nós precisamos hoje para viver.


Tendo as cidades como sistemas de produção de energia, teremos uma forma sustentável de viver e supercar o desafio que temos de implementar um sistema ecológico de vida. Investindo em projetos customizados de construção e engajando a população nesse processo de planejamento, poderemos administrar os riscos e ter pessoas mais conscientes do desafio e da maravilha que é vive rem equilíbrio com a natureza.


Sustentabilidade: uma questão de qualidade de vida


O arquiteto Lourenço Gimenes, especialista em projetos de arquitetura sustentável defende a realização de projetos arquitetônicos que sejam mais inclusivos e respeitem o meio ambiente como um todo. Para ele, o termo sustentabilidade está banalizado e sendo utilizado erroneamente. O arquiteto procura desvendar esse mistério falando da missão primeira do arquiteto que é desenhar espaços de qualidade para as pessoas morarem. Isso já é fazer um projeto responsável e sustentável, sem mais mistérios.


Gimenes ainda falou que utilizar o termo “sustentável” pode ser um reducionismo, o que eu concordo plenamente. Sustentabilidade nada mais é do que realizar construções e projetos na vida que sejam de qualidade, tragam o bem estar e respeitem a natureza. Você já pensou nisso?

A participação do Sérgio Dias e do Roberto Kauffman, president da Sinduscom, neste primeiro dia do Seminário foi um pouco propagandista e não merecem muitos destaques.


“Ideias velhas não respondem pergintas novas”


No entanto, a participação do estudioso Ricardo Neves (http://ricardoneves.com.br/), especialista em mudança e inovação, foi SENSACIONAL. Neves mostrou que vivemos um paradigm da ineficiência urbana hoje. Sem uma visão inovadora por parte dos politicos, e a participação da sociedade civil, não será possível realizar ações que transformem a cidade atual num sistema ecológico que dê cabo de sustentar as próximas gerações.


Ricardo Neves menciona que a solução para o transporte, por exemplo, não é dobra a frota de carros. Pois o carro sera cada vez mais acessível, porém com um custo de uso muito alto. Há de se mudra as formas de pensar o uso desses meios de transporte. “É necessário que as pessoas pensem diferente para que uma forma diferente de vida aconteça”.


Seguindo essa linha de raciocínio, Paulo Câmara, colaborador da Prefeitura de Londres, trouxe exemplos de métodos de limitação para o uso de carros que acontecem naquela cidade. Câmara falou dos pedágios urbanos que cobram uma boa taxa para aqueles carros que curculam por uma determinada parte da cidade, fomentando assim o uso de transporte public em detrimento do transporte individual. Há ainda a opção de andar de bicicleta pela cidade inteira, ou até outros países, tornando-se sócio de um Clube de Bicicletas (http://www.britishcycling.org.uk/).


As inovações e propostas de transportes alternativos são muitas. Há muitos países investindo em políticas de fomento à utilização destes. Quando será a nossa vez? Que tal cobrarmos ações políticas nesses sentido?

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