quarta-feira, maio 09, 2012

Alerta! Casos de saúde não podem virar estatísticas.

Essa semana li no jornal que o Hospital de Ipanema está em vias de fechar suas portas para a instalação de um centro de transplantes no local. Como se estivéssemos super bem servidos de hospitais públicos e particulares e pudéssemos sair fechando hospitais desse jeito. Já não bastam os hospitais abandonados e os jogados às traças que se encontram nessa nossa cidade maravilhosa?


Outro caso assustador de descaso para mim, é do Hospital São Sebastião no Cajú. Fechado, em 2008 , o Hospital de Infectologia de São Sebastião, também no Cajú, referência nacional no tratamento de doenças infectocontagiosas, tem, hoje, seu terreno ocupado por uma pequena comunidade comandada por uma milícia. Vergonhosa situação onde nenhuma das instâncias governamentais faz nada para mudar. E olha que o Brasil é deficitário em saúde em muitos dos seus estados, em todas as partes do país!


Não bastassem os hospitais em vias de fechar, outros abandonados etc, os que ainda funcionam não vão bem das pernas. Recebi um relato sobre Amanda, uma paciente grávida e anêmica que, ao procurar atendimento hospitalar na rede pública para ter seu bebê e viver bem com ele, acabou sendo morta por negligência dos médicos locais em adotarem os procedimentos de praxe para salvar a vida naquele caso. Exemplo de descaso maior não há. Será preguiça em exercer a profissão?


Pelo que entendo, é dever do médico trabalhar para salvar, manter ou melhorar a vida de quem está por essas bandas da existência na Terra. Será que interesses excusos, políticos e horrorosos estão fazendo a cabeça de alguns médicos hoje? Que absurda essa hipótese. Que esses malditos médicos assassinos sejam caçados e punidos por alguma lei, nem que seja a lei da existência.


Veja o relato dessa atrocidade que recebi de Priscila Pereira, tia da criança sobrevivente:



"No dia 03/05 por volta de 00:30 estava indo para o CTI ver minha sobrinha, quando fui
abordada por uma enfermeira do hospital,que me segurou pelo braço e disse que tinha algo
muito importante a me dizer. Porém declarou que nunca falaria publicamente o que iria me
contar.


A enfermeira relatou que precisa me contar sobre o parto da Amanda (minha sobrinha
falecida), pois já não aguentava mais ver o que estava acontecendo naquele hospital e nada
ser feito. Que muitos ali estavam angustiados pelo que aconteceu com minha sobrinha só não
tinham coragem de falar.


Sobre as coisas que me falou:


1- Que minha sobrinha Amanda chegou bem ao hospital, que na entrada ela(Amanda) e a
tia comunicaram que ela estava com anemia e estava tomando um medicamento, que
o noripurum estava na bolsa.
2- Que após a ministração de um medicamento, Amanda começou a sentir falta de ar. E o
médico disse ser uma reação normal ao medicamento.
3- Que ás 03:00 da manhã Amanda já não respondia pois estava muito cansada,pelo
trabalho de parto.
4- Que uma enfermeira o sugeriu fazer uma cesariana e colocar uma bolsa de sangue e o
mesmo médico disse que o parto seria normal.
5- Que já na mesa de cirurgia Amanda tem um corte (episiotomia) que começa a sangrar.
6- Que a Dr(a) Ana Cristina solicitou que colocasse gelo no local, após fazer a sutura e
encaminhá-la á sala de pré-parto para ficar em observação.
7- Amanda estava muito agitada e o médico, perguntou se ela fazia tratamento
psiquiátrico e a tia disse que não.Ele mandou que a enfermeira desse um calmante pra
ela dormir.
8- Que o diretor do Hospital pediu á algumas pessoas para que me observem e repassem
informações sobre o que estou fazendo e o que estou falando ao telefone para ele.
9- Que o laudo do IML já estava comprado, mais que R$30.000 mil, que não adiantava
eu procurar a comissão de investigação de saúde do Município, pois os médicos
são corporativistas e todos já tinham sido comunicados sobre o caso pelo diretor do
hospital.
10- Que outras pessoas já tinham passado pela mesma situação. Aí falei que o diretor disse
que durante toda a existência da maternidade este era o 2º óbito. Ela me disse que é
mentira, que como o hospital não tem UTI eles repassam para o Hospital Salgado Filho
e a pessoa morre lá ou no caminho. Que era o que tentaram fazer com Amanda mas
não deu tempo.
11- Disse também que minha sobrinha não tomou nenhuma bolsa de sangue como está no
prontuário e que o prontuário estava todo alterado.
12- Que uma enfermeira fez um relato de duas folhas, contando a verdade sobre o que
houve e os médicos retiraram essa folha.
13- Que existe um bebê no CTI que teve situação semelhante a da Amanda, e que está no
CTI á 6 meses, e que a mãe só sobreviveu porque estava acompanhada de sua mãe
na sala de parto e esta começou a gritar, falando que sua filha desmaiou e estava
morrendo, pois estava perdendo muito sangue. Eles a levaram ás pressas para a sala


de cirurgia e tiraram o bebê fazendo uma cesariana. E a mãe tomou 3 bolsas de sangue
e ficou 8 horas na mesa de cirurgia.
14- Que bebê do leito 2 no CTI ao lado da minha sobrinha, a mãe também faleceu só que
eles a transferiram para o Salgado Filho e ela morreu lá.


Pessoal,não sei se escrevi tudo correto, mas peço a ajuda de vocês porque o que estou
sentindo é um misto de revolta e dor. Tem uma cratera aberta em mim e uma dor na alma tão
profunda que chego a senti-la na carne. Não tenho conseguido me alimentar, não consigo sair
do hospital,não durmo direito desde domingo.


Como na minha família todos sem exceção ficaram muito mal, eu tive que me vestir de uma
força que eu não tenho e resolver toda essa questão de enterro. Mas ter enterrado minha
sobrinha com 21 anos na flor da idade e saudável está me fazendo tão mal, que não sei como
explicar.


Só para que tenham noção da minha relação com minha sobrinha, eu fiz no 2º grau téc. De
enfermagem e a Amanda ficava fascinada quando me via de branco. No ano passado me
passado Amanda resolveu fazer téc. De enfermagem e me pediu ajuda, tentei persuadi-la para
uma outra área mas a nega tinha posição. Então fez prova para a FAETEC Quintino e passou,
cursou até o fim do ano, mas com a gravidez estava enjoando muito e resolveu trancar a
matrícula até o bebê nascer.


Amanda começou o pré-natal com 2 meses de gravidez e nunca teve problema algum de
saúde.Nunca foi internada durante a gestação, E nem tomou nenhuma medicação fora as
vitaminas normais. O bebê (Kauanne) nunca apresentou nenhum problema o último ultrassom
que está comigo a bebê tinha 3,500kg, e nenhum problema de formação.


Amanda estava muito feliz com essa gravidez e apesar do susto inicial da família quando ela
ficou grávida, todos ficaram felizes, pois a Amanda era muito meiga e amável com todos,
então nós apoiamos e começamos o enxoval, as festas (pois como já contei pra vcs na minha
família tudo é motivo para comemorar).


Amanda resolveu terminar o relacionamento com o pai do bebê porque não gostava mais dele
e ele tinha falado que o filho não era dele. Nós não ligamos porque o importante para nós era
que o filho era dela e ponto.


Amanda no dia 29/04 ás 09:00 hs começou a passar mal para ter o bebê pela manhã, foi a
Maternidade Leila Diniz e os médicos a mandaram voltar pois ainda não estava na hora.


Novamente por volta das 16 horas Amanda retornou para a Maternidade Leila Diniz e os
médicos disseram que ela já estava com 2,5 de dilatação, mas que não tinham vaga. Apesar
de aquela ter sido a maternidade de referência indicada para que ela procurasse quando fosse
ganhar o bebê. A médica perguntou se ela estava com carro aguardando, para que pudesse


levá-la a outra maternidade, ou se não Amanda teria que aguardar uma ambulância. A mãe da
Amanda informou que tinham condução própria e ela indicou a Maternidade Carmela Dutra
ou uma outra em Acari e afirmou que estas eram as duas que tinham vaga naquele momento.


Amanda deu entrada na Maternidade Carmela Dutra ás 19:14 hs tirou fotos no hospital, tomou
banho, a médica fez a sua anamnese, relatando que ela estava muito bem. Amanda mostrou
todos os exames e ultrassom e a médica disse que estava tudo bem. A Sandra tia que estava
acompanhando mostrou o medicamento que estava tomando para anemia e a médica disse
que ela estava bem.


Das 20:30 ás 03:00 da manhã Amanda sente falta de ar,tem taquicardia, reclama de estar sem
forças, e se sentindo fraca . A tia da Amanda disse que a médica pediu u exame de sangue,
antes da Amanda entrar em trabalho de parto e que o resultado chega minutos antes, mas a
médica disse em uma reunião com a família que ela só pediu o exame após o parto e perceber
a Amanda sem cor.


Às 03:00 os médicos resolvem fazer o parto da Amanda, pois dizem que Amanda já estava com
10 de dilatação. A Dr(a)Ana Cristina e o Dr(o) Wagner, começam o parto, o Dr(o) Wagner se
posiciona em cima da Amanda forçando a saída do feto, pois segundo ele Amanda não estava
cooperando. A Dr(a) Ana Cristina faz o corte para ajudar a saída do bebê que começa a sangrar
muito. Ela segura a cabeça do bebê e começa a puxar. O bebê nasceu sem respiração, e não
chorou as pediatras executam as técnicas de ressucitamento, o neném tem apgar 2’, 3’ e 4’, e
vai direto para o CTI. Amanda reclama de estar com sede, à doutora pede para dar água a ela.
A médica termina a suturação e manda que Amanda permaneça ali em observação. Pede para
que a enfermeira verifique a pressão, e batimentos. Os médicos colocam a Amanda no soro,
e ela começou a se debater segundo eles se motivo. O médico perguntou se ela já tinha feito
tratamento psiquiátrico e mandou que dessem a ela um calmante para que ela dormisse e se
acalmasse.


O que me chama atenção é que mesmo a Amanda com total dilatação conforme os médicos
dizem, ela ficou uma hora para ter o bebê, pois o bebê só nasceu ás 04:08. E após nascimento
do bebê Amanda ainda fica mais uma hora na sala fazendo sutura.


Às 06:35 a tia pergunta se Amanda está bem e se a avó do bebê pode subir, a médica D(a): Ana
Cristina responde que sim e fala que ela pode descer para fazer a troca.


Quando a mãe da Amanda sobe percebe a correria no setor e uma enfermeira a manda
descer. As 06:54 eles dão o óbito da Amanda.


Nós so conseguimos ver o corpo da Amanda e o bebê ás 09:30 da manhã após chamar a polícia
e a rede de TV chegar.


Ontem a família teve uma reunião com o diretor Dr(o) Sidney, os médicos Dr(a) Daiana (chefe
da equipe), a Dr(a)Ana Cristina e o Dr(o) Wagner que fizeram o parto, e eles não sabem
explicar o que houve, só que imaginam que o óbito tenha acontecido por conta da anemia. O
Dr(o) Sidney informou que entrou em contato com o IML e o mesmo já informou o resultado
do óbito dizendo que nada foi encontrado que indicasse um erro médico.


Eu gostaria de saber como o Dr(o): Sidney teve acesso a este laudo. Uma vez que foi eu quem
foi a delegacia e fez o RO solicitando necrópsica.


E o IML informou que o resultado leva de 30 a 60 dias para ficar pronto.


Quero saber então do que minha sobrinha morreu."



Para saber sobre a situação do Hospital de Ipanema, clique nesse link do JB Online: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/05/08/padilha-diz-que-hospital-federal-de-ipanema-nao-sera-estadualizado/

Para saber sobre a situação calamitosa da saúde no Rio, clique nesse link abaixo:
http://soniarabello.blogspot.com.br/2012/03/saude-no-rio-faltam-leitos-mas.html

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