quarta-feira, abril 18, 2012

Os Mamutes do sonho de Jô Bilac são os mamutes da vida real

Essa semana assisti à peça de teatro Os Mamutes, escrito por Jô Bilac, e simplesmente amei. Mais do que um chamada para ação, o espetáculo tem várias referências da bestialização do mundo em que vivemos e de muitos dos seus valores.
Através do olhar de uma menina de 9 anos, a narradora da peça, que flutua entre o olhar infantil e a risada maquiavélica de uma bruxa, interpretada maravilhosamente por Débora Lamm, a história de vida de um rapaz em busca de trabalho passeia por ideias de extermínio, ganância, banalização do real, troca da vida por dinheiro, abandono dos valores e da essência humana para fazer parte de uma falsa realidade próspera e muitas outras tristes realidades da desconexão humana do real e cotidiano.
No final das contas, Isadora Faca no Peito enfia a faca no peito dos espectadores ferindo-nos com as verdades da realidade da vida. Mostra que uma pessoa boa pode ser, apenas, uma impressão de bondade inexistente, que a ganância transforma pessoas e mata outras, que os valores da sociedade são regidos por interesses políticos, que as pessoas, na sua maioria, são bestializadas por esses interesses políticos de uma forma tal que perdem a capacidade de agir e reagir, defendendo seus reais valores, que a vida real é um espetáculo feito de marionetes. Mas quem manipula esses marionetes?  Como rasgar o fio e ser livre da manipulação?
Jô Bilac sonhou e expressou em arte a necessidade das pessoas agirem mais e falarem menos. Deixar os óculos e a essência mamute de lado e realmente VER e VIVER.

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