quinta-feira, março 15, 2012

Carlos Amado e Norma: um diálogo interessante


Norma, uma moça engraçada do Rio de Janeiro, vivia aos embalos da vida para fazer coisas dentro de uma forma de viver que cabia numa caixa. Dentro da caixa, fôrma, de vida de Norma, havia muitas outras pessoas que achavam confortável e fácil viver daquele jeito também.

Carlos Amado, um moço simpático do Rio de Janeiro, se via às voltas enroscado em situações da vida que não cabiam numa caixa. Cheio de bons sentimentos no coração, esse rapaz buscava nova lentes para enchergar o mundo e agir conforme achava mais correto. A caixa de Norma era nada perto da imensidão de vida de Carlos. 


Mesmo sem estar dentro da norma, Carlos não se envergonhava ou temia viver como lhe dizia o coração. Mesmo que fosse difícil, e ele vivia a questionar as diversas lentes de seu óculos imaginário e esbarrava em quinas de caixas onde não cabia, insistia que viver com o coração era a forma que mais lhe satisfazia.

A forma de viver de Amado era muito estranha e assustava a miopia de Norma. Amigos de trabalho, sempre conversavam sobre situações do cotidiano. Certa feita, Amado conversava com Norma, e foi assim:

Amado:
-       Você acha que existe uma norma para o afeto?

Norma apreensiva logo respondeu:
-       Gosto de quem me gosta e dou o troco certo àquele que troca comigo. Sempre na mesma moeda.

Amado já esperava essa resposta de Norma. Estava certo de que afeto e troca não se dá a espera de um troco. Pois amor e afeto, quando se dá, não se deve esperar nada em troca, se oferece e pronto. Tentou, cuidadosamente, colocar-se para a companheira:
-       Minha querida, as trocas da vida valem muito mais que os trocos que esperamos. Enriquece-se de acordo com o que se dá, e se colhe muito mais ao caminhar.

Norma não estava entendendo o que Amado lhe dizia. Para ele, nenhuma caixa lhe cabia. Era certo que Norma não entendia o tanto de bem que Carlos tinha. Para ela, somente através da norma, era possível sentir, viver, decidir e caminhar. Num ímpeto, respondeu a Amado e  questionou sobre sua própria caixa:
-       Carlos, não sei o que te impede de caber dentro da caixa. Vive aí, distribuindo afeto de graça, acreditando que vivemos na mesma praça. As situações ensinam a procurarmos uma caixa. De afeto, não sei qual a que cabe. Mas, para o teu, nenhuma é tão grande.

No que Amado responde:
-       Minha doce Norma, se não há caixa para o meu afeto, que eu fique fora dela. Minha fôrma é diferente e não posso me enformar a qualquer preço. Vivo sim sendo “gauche” na vida e me orgulho do caminho que trilhei nesses enroscos da vida.  Viver na caixa é tão fácil que me dá preguiça.

 De Joanna Alimonda

Um comentário:

viniciusbrasileiro disse...

É um dos textos mais lindo que já li em toda minha vida. parabéns!