terça-feira, março 06, 2012

Ser mulher é ser doce (quando merecido)

Aqui brindo minhas amigas da Malagueta Comunicação e seu projeto de revista online. Essas doçuras que sempre trazem a nossa mesa palavras boas de comer, assim gentilmente. Uma oferta irresistível que, através de textos, nos dá a sensação de um paladar gostoso, com jeitinho de comida de vó.
Ah... quem não gosta de comida de vó??

Parabéns, meninas Malagueta!!

Segue aqui um texto da revista, postado pela Malagueta em 5/03/12:

Na fresta do guarda-comida entreaberto penetra sua mão, como um amante através da noite. Quando então, na escuridão, ela se sente em casa, tateia em busca de açúcar ou amêndoas, de uvas passas ou fruta sem conserva. E assim como o amante, antes de beijá-la, abraça sua amada, assim o tato tem com eles um encontro marcado, antes que a boca prove sua doçura.  

Como se entrega o mel, como se entregam os cachos de passas de Corinto, como até mesmo o arroz se entrega lisonjeiramente à mão. Que apaixonado esse encontro dos dois, que agora enfim escaparam da colher. Grata e selvagem, como uma moça que foi raptada da casa dos pais, a compota de morango se dá a saborear aqui sem pãezinhos e, por assim dizer, sob o livre céu de Deus, e até mesmo a manteiga responde com ternura à ousadia de seu conquistador, que penetrou de assalto em seu quarto de donzela. A mão, Don Juan juvenil, logo penetrou em todas as celas e aposentos, deixando para trás camadas que escorrem e massas que fluem: donzelice que se renova sem queixa.
Criança Petiscando, de Walter Benjaminfragmento retirado deo livro Rua de Mão Única, Obras escolhidas II, editora Brasiliense.
Seleção por Mariana Moraes

Fonte: http://www.revistamalagueta.com.br/suspiros/crianca-petiscando (6/03/2012)
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